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A cultura da exatidão, defendida por Marcelo Politi, mostra como o controle preciso de finança e processos é essencial para a sustentabilidade e sucesso de bares e restaurantes, especialmente em tempos desafiadores

Marcelo Politi em apresentação no 36º Congresso Abrasel. Foto: Edgar Marra

Em 2010, o empresário Paulo Roberto (nome fictício), junto com seu sócio, realizou o sonho de abrir um bar/balada em Campo Grande, Mato Grosso. E por começarem com pouco capital — cerca de R$ 10 mil —, eles se viram forçados a contrair um empréstimo bancário de R$ 130 mil para viabilizar a operação.

O que parecia um passo promissor rapidamente se transformou em uma história de sucesso: em poucos anos, os empreendedores conseguiram expandir seus negócios, abrindo mais quatro bares em diferentes estados.

No entanto, o crescimento rápido do empreendimento não veio acompanhado de um controle financeiro rigoroso. Quando a pandemia atingiu o Brasil em 2020, o bar entrou em crise. Com a receita reduzida e as despesas continuando a crescer, a má gestão das finanças — que antes passava despercebida no auge da expansão — agora se tornava evidente.

Paulo precisou recorrer a novos empréstimos para cobrir salários, fornecedores e outras dívidas, criando uma bola de neve de problemas financeiros que prejudica o negócio até hoje. Essa história é um exemplo real de como a falta de um plano financeiro bem estruturado pode ameaçar até os empreendimentos mais promissores.

Foi sobre esse tema que Marcelo Politi, fundador e CVO da Politi Academy, palestrou no 36º Congresso Abrasel. Em seu painel, Politi destacou a importância da “cultura da exatidão”, uma prática de gestão financeira que pode ser a chave para a sustentabilidade de bares e restaurantes.

Cultura da exatidão: as bases para a sustentabilidade do negócio

Para Politi a “cultura da exatidão” pode ser resumida como a prática de controle rigoroso dos números e processos em bares e restaurantes. “Sem exatidão, o sucesso é impossível”, afirmou Politi durante sua palestra.

Ele destacou que muitos donos de negócios têm uma visão imprecisa de seus números, concentrando-se apenas no faturamento e negligenciando detalhes cruciais, como o Custo de Mercadoria Vendida (CMV) e o estoque.

No caso de Paulo, a falta dessa exatidão foi fatal para a saúde financeira do negócio. Mesmo durante o período de expansão, os empreendedores não mantinham um controle detalhado dos custos operacionais.

Controle de CMV: o coração da rentabilidade

Sem uma visão clara do CMV, e de outros indicadores financeiros, os empreendedores não conseguiam identificar quais produtos estavam gerando maiores lucros ou prejuízos. Isso levou ao acúmulo de dívidas, que se tornou insustentável ao longo dos anos.

Para Politi, o CMV é o “coração da rentabilidade” de qualquer estabelecimento gastronômico, e ignorá-lo pode ser o começo do fim.

O palestrante mencionou um exemplo de um cliente que, ao aplicar técnicas simples de controle de CMV, conseguiu reduzir seus custos em 5%, o que resultou em um aumento de R$ 50 mil no lucro mensal. “Esse dinheiro estava sendo perdido por falta de controle”.

Por outro lado, os benefícios de um plano financeiro bem estruturado e da “cultura da exatidão” são inúmeros. Além de aumentar a rentabilidade, como demonstrado no exemplo do cliente de Politi, essa prática permite uma gestão mais eficiente dos recursos e ajuda a eliminar desperdícios operacionais.

Com os indicadores bem definidos, os empreendedores conseguem prever dificuldades e ajustar seus processos antes que os problemas se tornem críticos.

Curiosidade vs. satisfação

Politi ainda traz uma reflexão sobre a postura que os empreendedores devem adotar para garantir o crescimento contínuo de seus negócios. Ele descreveu dois perfis: o curioso e o satisfeito.

Enquanto o curioso está sempre buscando novas formas de melhorar e crescer, o satisfeito acredita que já atingiu o sucesso e resiste a mudanças. “A diferença entre o sucesso e o fracasso reside em ser curioso e estar disposto a aprender e evoluir”, concluiu Politi, encorajando os empreendedores a adotarem uma postura proativa e a nunca se acomodarem.

Gerir um bar ou restaurante é uma tarefa árdua, mas como destacou Politi, os empreendedores que adotam a cultura da exatidão, implementam processos eficientes e mantêm uma equipe alinhada com os valores da empresa, podem transformar os desafios diários em oportunidades de crescimento e sucesso.

*Texto adaptado da edição 159 da revista B&R

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